sábado, 27 de agosto de 2011

Psicopatia Infantil – É possível uma criança ser psicopata?


Uma criança não pode ser considerada psicopata com base no critério do DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – Quarta Edição), que deixa claro que o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Anti-Social só pode ser aplicado em indivíduos de no mínimo dezoito anos. Antes deste período, de acordo com certos comportamentos anti-sociais, a criança pode ser diagnosticada com Transtorno de Conduta. O cuidado do no uso do termo “psicopata” para crianças e adolescentes se justifica, tendo em vista o efeito estigmatizante que pode ter sobre o indivíduo. Isto é ainda mais forte em situação de confinamento a longo prazo em instituições totais (Fundação Casa, Manicômios Judiciários e prisões), que pressupõe um quadro comprometido.
O diagnóstico de psicopatia é bastante amplo, e se tal diagnóstico pode ser considerado assim no meio adulto, a confusão torna-se ainda maior quando tratam-se de crianças. Karpman, psiquiatra e psicoperapeuta americano, criticava justamente a atribuição do diagnóstico aos casos em que o psiquiatra falhava em “curá-lo”. Ele afirma que o diagnóstico estava mais na dependência do sucesso ou insucesso do profissional do que no comportamento e atitude do paciente.
Dentre os psicanalistas que estudaram o desenvolvimento infantil, René Spitz ficou famoso por seu trabalho sobre o hospitalismo, a respeito dos possíveis precursores infantis da psicopatia. Realizou uma pesquisa com 366 crianças buscando correlacionar seis setores de personalidade com circunstâncias ambientais durante o primeiro ano de vida. Spitz chegou ao que considerou um perfil patognômico com retardamento do desenvolvimento dos itens relações sociais e habilidade manipulativa. Este perfil foi descoberto enquanto ele procurava investigar a hiperatividade motora. A associação feita em hiperatividade e Transtornos de Conduta é tida, hoje, como indicativo de uma alta possibilidade de se desenvolver o Transtorno da Personalidade Anti-Social.
Spitz enfatiza que certos fatores emocionais se fazem presente na etiologia da psicopatia, quando relacionados com certas personalidades maternas específicas, que tornam a identificação possível por seus afetos contraditórios e inconsistentes que mudam muito rapidamente. Se esta for a personalidade da mãe da criança, a criança por sua vez desenvolverá a psicopatia mesmo que o lar não seja desfeito e nem existam longas separações maternas, o que explica a presença de psicopatas em famílias bem situadas economicamente. Uma outra possibilidade é que o ambiente da criança consista de uma série de figuras substitutas da mãe que se alternam rapidamente, e cujas personalidades variadas e constrastantes sejam para a crianças algo imprevisível. Segundo ele, o psicopata possui uma anomalia pela sua incapacidade de formar relações sociais, apresentando também pouca motivação e disciplina para tarefas que demandam esforço contínuo; em segundo lugar, o efeito da personalidade materna em seus aspectos imprevisíveis e contraditórios faz com que o estabelecimento de relações objetais permaneça retardada em um estágio narcísico, sendo direcionada para um objeto narcísico. Assim sendo, o investimento libidinal objetal e seu desenvolvimento ficariam prejudicados.
Como o diagnóstico de psicopatia é um tanto complexo, aqueles que convivem com uma criança que apresentam certas características devem procurar um auxílio psicológico para trabalhar com o transtorno. Algumas destas características são: mentiras freqüentes, crueldade com colegas e irmãos, baixíssima tolerância à frustração, ausência de culpa ou remorso e falta de constrangimento quando pegos mentindo ou em flagrante. Os pais devem ficar em alerta caso essas características comportamentais ocorram de maneira repetitiva e persistente em crianças e adolescentes. É possível que os filhos apresentem transtorno de conduta e sejam candidatos à psicopatia quando se tornarem adultos.
Postagem retirada do site: http://blig.ig.com.br/crimeeloucura

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